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Dúvidas Frequentes: Eu costumava alcançar estas notas no tom original, mas não alcanço mais. O que houve?

As causas mais comuns desta reclamação, são:

1.Se você tem menos de 25 anos, provavelmente as mudanças hormonais estão modificando sua área de transição para o grave. mudanças de naipe ocorrem velozmente, sobretudo na fase de puberdade.
A vozes femininas encerram a mudança brusca um pouco depois das primeiras menstruações, e as masculinas costumam mudar bruscamente até os vinte e poucos anos.
Já vi casos em minha classe, de meninas mudarem de classificação de soprano para mezzo em um semestre, o de meninos mudarem de barítono para baixo em um semestre, ou um ano. O caso mais radical que vi, foi uma aluna minha, na época com 11 anos, que teve sua transição modificada em um tom e meio em 4 meses. Estávamos preparando uma música para apresentação, que iniciou os ensaios no tom de Fa# e foi apresentada em Eb. Isso não significa que a pessoa está perdendo o alcance de agudos, mas que os encaixes nas regiões sofreram modificações pela mudança de voz. A solução apropriada seria mudar a tonalidade para recuperar os encaixes, ou reestudar a música no tom anterior reestabelecendo os encaixes dos apoios como se estivesse estudando uma nova música. Apoiar as notas como de costume adaptado para uma voz que antes estava mais aguda em transição, pode não funcionar, resultando em desafinação, problemas na respiração, desgaste, etc. Se você se identificou com esta razão, Crie o hábito de anotar nas folhas das letras, a tonalidade e a data em que você estudou a música. Isso irá poupar a perda de tempo e o desgaste emocional no futuro.

2.Se você é mais velho do que isto, a sua voz também pode ter mudado. Um adulto não muda em um tom a transição dentro de um ano, mas pode mudar em 10 ou 15 anos.
Cantores experientes como Dio e David Coverdale, sempre souberam disso e portanto alteram a tonalidade das músicas ao vivo, sobretudo de músicas que foram gravadas há mais de 20 anos.
Vozes escuras e pesadas se modificam muito mais com a idade do que vozes leves e claras, e isso explica porque é que o Coverdale muda os Tons e o Steven Tyler não.
A mudança por idade também confere mais peso e corpo ao grave e isso facilita a aplicação de agressividade e rasgados.
No caso das mulheres, a fase de gravidez pode mudar a voz de forma acelerada. Lembro de meu professor de faculdade, Ricardo Tuttmann, me contando sobre cantoras que eram lírico ligeiro e tiveram que mudar de repertório para soprano lírico por conta das mudanças hormonais. No meu caso, tenho 2 filhos, minha transição desceu um semitom na primeira gravidez e mais um na segunda. Isso significa que uma música que eu cantava no tom original antes, agora faço um tom abaixo para encaixar corretamente. Na maioria dos casos dá pra sobreviver cantando no tom anterior, mas muitas vezes isso pode soar estridente e forçado.

3.A musculatura está mais flácida do que antes.
Assim como um atleta que parou de treinar pode sofrer para correr uma maratona, uma pessoa que costumava ter uma rotina de aulas, shows, ensaios e está cantando só no chuveiro há tempos, vai se cansar ou pifar nos extremos. Exercícios e prática vão retomar aos poucos a musculatura.

4. Faltou Aquecimento antes de cantar.
Esperar um rendimento esplêndido sem aquecer ao menos por 5 ou 10 minutos antes é o equivalente a esperar que um feijão cru tenha o mesmo gosto do Feijão da mamãe. A musculatura aquecida apresenta resposta e agilidade superior, melhorando tanto a sonoridade quanto o tempo de rendimento produtivo da performance.

5. O cantor precisa de manutenção ou descanso.
Estar mal dormido, mal alimentado, com a voz desgastada por gritar e falar demais, etc é o equivalente a tocar uma guitarra com cordas velhas ou o braço empenado.

6. Ingestão de Comidas que encatarram ou ressecam o aparelho fonador:
Isso depende muito da pessoa. Existem desde os extremos de cantores que bebem, fumam, tomam laticínios e não se abalam com absolutamente nada até os super sensíveis que precisam policiar a alimentação horas antes e todas as nuances entre um e outro. Interessa observar durante os estudos e ensaios, o que afeta seu corpo e instrumento, para não ser surpreendido com uma desafinada ou engasgada inesperada no meio de uma interpretação.
Para ler mais sobre os principais alimentos que podem encatarrar ou ressecar o aparelho fonador, confira o post Alimentos a Evitar Antes de Cantar.

7. Estudo Obcessivo de trechos resultando em abuso vocal: Ficar repetindo o mesmo trecho da música obcessivamente até acertar, no mesmo dia, dependendo do que se está fazendo, pode deixar a musculatura exausta ou lesionar temporariamente (inchaço, inflamação,  exaustão muscular). Estudar um trecho complexo todo dia um pouco pode ser mais eficiente do que no mesmo dia repetir 20x a mesma passagem. Se mais cedo no mesmo dia estava rolando e agora não mais, estude outra coisa e torne a ajustar este trecho outro dia, quando a musculatura estiver mais fresca.

8. Abuso Vocal  recente: Repertório não ajustado ao seu naipe vocal, muito tempo cantando sem descanso, falta de aquecimento, a lista é infinita (quem nunca?). Se a musculatura está em recuperação por desgaste ou abuso, a resposta melódica e muscular podem estar (temporariamente) alteradas. Tenha Paciência consigo mesmo e Cuide da voz para se recuperar mais rápido.

9. Problemas Nas cordas Vocais; (Fenda, Calo, etc) ;
Só fazendo uma videolaringoscopia para ter certeza. Se você tem suspeitas, faça. Tomara que não dê nada, mas se der, não é o fim do mundo:  A Maioria dos problemas, tem correção com alguns ajustes na rotina e exercícios específicos. Quanto mais cedo identificados, melhor.

Publicado Originalmente em 28/09/16  
Revisado 08/12/2019 

Idéias para começar a Cantar e tocar Simultaneamente:


É frequente ouvir queixas de músicos e estudantes, que estudando em casa, sentem-se  frustrados no início do processo de Cantar e Tocar ao mesmo tempo, sem saber por onde começar.

Observando os alunos e os casos em que as pessoas quase desanimam de desenvolver isso, pude ver de que forma algumas escolhas neste estudo podem facilitar o dificultar o processo, e com isso, inclusive revi mentalmente todos os erros que também cometi no meu processo de aprendizagem ... Abaixo, seguem algumas orientações que podem ajudar a superar os desafios:


        
      1. Menos é Mais: Escolha algo simples

Mesmo acostumado a cantar e tocar isoladamente coisas bem mais complexas, vale a pena escolher músicas que tenham poucos acordes já familiares, de groove mais uniforme e troca de acordes não tão rápida. Tocar e Cantar é uma multitarefa que o cérebro vai aprender a executar e que precisa ser desenvolvida aos poucos. Coordenar cordas vocais e dedos ao mesmo tempo exige muito mais em coordenação motora do que isoladamente. O cérebro está aprendendo a nova função multitarefa e precisa se adaptar aos poucos.

 Uma música em que o canto vai acompanhando os acordes mais suavemente , tem condições de ser mais bem assimilada e funcionar no início. Mais tarde, pode-se ir acrescentando músicas mais complexas e rápidas.  Se você for como eu, vai argumentar que seu estilo favorito não tem músicas simples... mas sempre tem. Mesmo em heavy Metal, bossa nova, música clássica, você sempre encontra algo. 
Sempre.

Minha Aluna Stephanie ao vivo, foto Alexandre Moreira


É preferível começar usando uma música de algum artista do que uma música própria.  Na música própria, o cérebro vai se ocupar em interferir nas harmonias, estruturas, letra etc, enquanto na de outro artista, pode-se concentrar somente na execução, pois a canção já está feita.


     2. Estudar Isoladamente antes.

Cante somente e toque somente, antes de fazer os dois ao mesmo tempo.

Marque os locais de respirações na folha ao cantar, verifique se o tom funciona, se a colocação está estruturada..

Quando começamos já fazendo tudo, é fácil deixar desapercebidos problemas técnicos, como respiração, escolha de tom,  colocação, e palhetada, ritmo etc.

Fazer as duas coisas isoladamente ajuda o cérebro a assimilar cada instrumento e não o sobrecarrega de informações.



    3. Escolha uma cifra ou partitura organizada visualmente


A qualidade de organização de sua música escrita é Importantíssima para o sucesso do seu estudo pois é o que vai estruturar o mapa mental da música.  

A música deve estar com a letra toda cifrada encima das palavras, pois você vai ler as letras e as cifras ao mesmo tempo. Cifras e partituras em que faltam partes, que tem ritornelos ou só a metade cifrada vão confundir a cabeça, pois em determinadas partes, a letra fica num canto e os acordes no outro, atrapalhando a fluência e a concentração. Estas cifras servem para quem vai somente tocar ou somente cantar, mas para a multitarefa melhor usar uma completa.




          4. Não Esperar que a música já fique detalhada desde cedo


A primeiras práticas de tocar e cantar podem ser minimalistas; somente com os acordes palhetados ou puxados no ritmo certo no caso de violão e no caso de piano a estrutura baixo à esquerda  e acorde de três notas na mão direita.

Mais tarde, quando isso já estiver fluente, pode-se acrescentar os arpejos e estruturas mais complexas de poliritmo no instrumento. Com tempo, o cérebro estará mais preparado para coordenar músicas e estruturas de maior complexidade. Focar sempre no processo antes de focar nos resultados.



   5.  Não esperar que fique como a gravação Original

Vale lembrar que o artista que gravou esta música provavelmente já cantava e tocava há alguns anos antes de gravar, e talvez já tenha até feito turnê tocando ela por um tempo antes da gravação. Não compare seu começo com o meio de outro alguém. O artista que gravou a música que você está estudando, também já passou por isso e hoje toca e canta fluentemente pois algum dia teve a paciência e não se deixou abalar pelos desafios. Neste momento, o processo é o mais importantes, os resultados virão aos poucos.



Se tiver dúvidas sobre esta postagem, ou se quiser umas idéias de que músicas escolher para estudar, mande-me um email:

 clara.lima22@hotmail.com

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originalmente publicado em 26/09/2017

Pequeno Glossário de Termos Técnicos do Canto

       Coloquei aqui a explicação breve de alguns termos técnicos utilizados no blog e em outros textos de canto, para elucidar o significado de alguns conceitos. Acrescentarei mais verbetes aos poucos.

Área de transição vocal: Conjunto de notas em que ocorre a transição de técnica da voz de peito para a voz de cabeça. Trata-se de um espectro curto (geralmente uma terça).
Pode-se imaginar uma interseção entre 2 círculos

Área de predominância da Música: Local ou Conjunto de notas em que se permanece a maior parte da linha vocal (exclui-se os ápices, como uma média numeral)

Área de alcance total da música: Todas as notas que a música abrange, da mais grave à mais aguda.

Bocca Chiusade boca fechada, murmurando

Drive: a mesma coisa que rasgado, ou rasgar a voz.

Extenssão Vocal ou Área de alcance vocal: Conjunto de todas as notas que a pessoa consegue emitir vocalmente (diferente de tessitura, que é a região em que há o controle interpretativo)

Falsetto: Não confundir falsetto com voz de cabeça. Falsetto é uma técnica do lírico, de ajuste das pregas vocais que alguns barítonos tem a capacidade de fazer, que simula uma situação organica, de forma que consigam cantar como contratenor. Falsetto é disparado o termo técnico de canto mais utilizado equivocadamente.

Naipe ou classificação Vocal: Classificações que foram criadas para designar o tipo de voz para papéis em ópera (Soprano, Mezzo, Contralto, Tenor, Barítono, Baixo, Contratenor). Estas classificações são orientadas pela tessitura e não pela extenssão vocal. Há outras especificações definindo caracterísicas como colorido e agilidade (soprano Lírico Ligeiro, Tenor Dramático, etc)

Projetar anasalado: o som projetado na região nasal. Pense no refão de crazy train, ou na personagem de Fran Dresher no seriado the Nanny -Hi Mr Sheffield!

Stacatto: aos pulinhos. Pense na parte aguda da ária da rainha da noite de Mozart

Tessitura: Conjunto de notas em que a interpretação vocal rende e canta-se com conforto (diferente de Extenssão, que é a totalidade de notas que podem ser emitidas)
Cerca de uma oitava e meia para vocal de Metal, e duas oitavas para o Lírico.

Voz de peito: A Voz Mansa em que a garganta vibra. Pense João Gilberto, ou a primeira estrofe de Tears of the Dragon.

Voz de cabeça: A voz acima da área de transição, projetada na máscara; Pense no refrão de de Tears of the Dragon, ou de Carry On.


Originalmente publicado em 11/09/2011

Revisado 04/12/2019